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domingo, 24 de janeiro de 2016

Serra do Pinto, Três Forquilhas e Cascata da Pedra Branca

A região da antiga colônia alemã de Torres sempre me despertou curiosidade. Iniciada junto da Colônia de São Leopoldo, o empreendimento colonizador litorâneo não teve o mesmo êxito provavelmente devido aos escassos e longínquos meios de ligação para escoar a produção colonial.

O estudo da arquitetura da imigração, empreendido pelo arquiteto Gunter Weimer, demonstra a interação entre a técnica construtiva luso-brasileira com a alemã, que nessa região teria sido ainda mais visível e expressiva.

Entretanto, não tive anteriormente a oportunidade de visitar a região, embora diversas vezes tenha passado por ela. Finalmente, no começo de 2016 decidimos aproveitar um trajeto entre o Vale do Sinos e o litoral para fazer um percurso bem maior: subindo a serra, para novamente descer pela estrada conhecida como Rota do Sol.

O percurso em São Francisco de Paula foi um pouco mais demorado do que o imaginado, compensado pelas belas paisagens dos Campos de Cima da Serra. Paisagem que começa a entrar em risco de desaparecer pela profusão do cultivo de acácias e outras culturas.

Ao atingir o município de Itati - um dos tantos municípios desmembrados do território que compreendia a antiga Colônia Alemã de Torres - a paisagem muda radicalmente. A estrada, então, começa a descer a Serra, serpenteando a encosta do vale do Rio do Pinto.

Uma foto publicada por Jorge Luís Stocker Jr. (@thesapox) em

A vista a partir da estrada é embasbacante e surpreendente. Visualiza-se a cadeia de morros, curiosamente todos de altura média alinhada. Uma casa comercial no início desta descida oferece um mirante com vista panorâmica. Parada obrigatória.

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Continuando a descida, após a sequência interessante de túneis, viadutos e curvas que compõe esse trecho da estrada, entramos em Três Forquilhas por um dos acessos secundários. Nesta entrada, ainda no lado do rio relativo a Itati, já foi possível registrar uma antiga casa de colono. A volumetria lembra bastante a de uma casa enxaimel, não sendo impossível que se trate de um exemplar rebocado. Mas também pode ser uma residência já em alvenaria. De qualquer forma, bastante interessante e aparentemente, não muito reconhecida como patrimônio local.



Logo adiante, cruza-se o Rio do Pinto por um pontilhão de concreto muito comum na região. As localidades espraiam-se ao longo dos cursos d'água, frequentemente cruzados por estas pontes bastante simples. As águas claras do rio, deslizando sobre as pedras, são um convite para banho, ainda mais em dias de calor. Vimos ao longo de todos cursos d'água muitos moradores aproveitando esta dádiva natural.


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A paisagem é certamente uma das mais bonitas do Estado. A cadeia de montanhas, paredões e mata verdejante fazem segundo plano em todas as paisagens, enquanto os riachos de águas cristalinas ladeiam a estrada.

A antiga igreja desta comunidade infelizmente foi parcialmente descaracterizada recentemente, revestida por azulejos. Felizmente, essa reforma parece reversível quando houver maior consciência de preservação do patrimônio no local.




Seguindo a estrada que ladeia o Arroio da Pedra Branca é possível encontrar, ainda, algumas habitações que parecem ter sido residência de colonos. A maior parte delas muito simples, denotando o pequeno desenvolvimento econômico da localidade. O destaque é a integração com a paisagem.

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Logo adiante avista-se, ao longe, a Cachoeira da Pedra Branca. A visita não estava nos planos - principalmente pelos relatos de más condições da estrada que havia lido na internet - mas foi impossível desprezar o magnetismo exercido por aquela paisagem natural.


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O trajeto até a Cascata é bastante longo, em especial porque conforme a cascata se aproxima, a estrada fica gradualmente mais "rústica", para utilizar um termo bastante brando. É necessário seguir devagar. Muitas pessoas frequentam diariamente o local com veículo de passeio, como fizemos, mas em especial nos últimos dois quilômetros da estrada, isso não é nada recomendável. A estrada é crivada de pedras irregulares, algumas mais altas, e tem muitos buracos de dimensões consideráveis deixados pelas chuvas e falta de manutenção.

A cachoeira, em si, compensa qualquer esforço realizado para atingí-la: a vista das águas deslizando pelo paredão, é simplesmente hipnotizante. Era sábado de verão e o local estava moderadamente movimentado.

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Energias recuperadas pela vista refrescante, enfrentamos novamente a estrada de volta, com cuidado redobrado. Conhecendo a estrada, foi possível curtir ainda mais a paisagem, que não cansa de surpreender.

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Seguimos até um dos sobrados enxaimel mais interessantes do litoral norte, e aparentemente, o único que restou em Três Forquilhas.

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Trata-se de um casarão de 1853, pertencente a família Jacoby. Infelizmente a imponência da edificação de dois pavimentos (e sua conservação) estão prejudicados pela vegetação descontrolada que cresce próxima do imóvel. Mas fica o registro de um dos exemplares de enxaimel mais valiosos do Estado, felizmente ainda existente e à margem de qualquer política de preservação.

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Com o avançado da hora foi impossível visitar as casas enxaimel em Itati (RS), como estava nos planos. Ficou para a próxima oportunidade. De qualquer forma, o passeio foi recompensador, pela vivência de algumas das paisagens mais belas que o Rio Grande do Sul proporciona.

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